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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Livro 3/100 MARÂNUS - Teixeira de Pascoaes



Teixeira de Pascoaes, pseudónimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante, 8 de Novembro de 1877[1] — Gatão, 14 de Dezembro de 1952) foi um poeta e escritor português. Nasceu no seio de uma família aristocrática.

A poesia pascoaeseana é densa e de difícil acesso, onde se harmonizam o pagão e o cristão num humanismo metafísico.
A saudade pascoaesiana transcende assim o mero sentimento individual, para assumir uma dimensão ontológica e metafísica. Na mesma medida em que todo o Universo "é a expressão cósmica da saudade" enquanto " infinita lembrança da esperança", a saudade psicológica, individual, assume, enquanto o homem partilha a condição do mundo, uma dimensão metafísica. Enquanto o homem como ser finito e imperfeito aspira à perfeição de ser, a saudade assume uma dimensão ontológica.

A saudade encarada do ponto de vista existencial leva o autor a conceber a natureza como sagrada, uma vez que a saudade do mundo é também saudade de Deus, de um Deus presente nas próprias coisas. É a divindade que se apropria de si mesma na evolução da natureza, pelo que Pascoaes postula a sacralização da mesma natureza. Deus existe antes e independentemente do homem; no entanto a vida, confere-lha o próprio homem.

http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910a.html

(...)

e via o escuro reino mineral,
Num alvorar de etérea sensação,
Fazer-se, enfim, o reino espiritual,
Metamorfose imensa e luminosa.
E viu que o último reino transcendente,
Pela sua estrutura e natureza,
Se casava, profunda e intimamente,
Com a sombra fantástica da Origem.
E a luz do seu olhar, extasiada,
Abrangeu, num momento, a vida eterna.
Sim, às vezes, em hora consagrada,
Para nós se contém a Eternidade.
Também o claro sol, por um instante,
Numa gota de orvalho se resume,
E, nela, é viva imagem radiante
De viva luz, acesa em sete cores.

(...)

Da Serra começava a levantar-se
Um crepúsculo, um fumo de nevoeiro.
E um oiro em pó, suspenso, ia juntar-se
às primeiras estrelas: era a noite.


Marânus, Teixeira de Pascoais

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