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sábado, 11 de agosto de 2012

Ilha dos Amores


A Ilha dos Amores

O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatadaa vontade da deusa Vénus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido descanso e com prazeres divinos, numailha paradisíaca, no meio do oceano, a Ilha dos Amores. Nessa ilha maravilhosa, os marinheiros portugueses podiamencontrar todas as delícias da Natureza e as sedutoras Nereidas, divindades das águas, irmãs de Tétis, com quem sepodiam alegrar em jogos amorosos. Durante um banquete oferecido aos Portugueses, a ninfa Sirena canta as profeciassobre a gente lusa que incluem as suas glórias futuras no Oriente. Em seguida, Tétis, a principal das ninfas, conduzVasco da Gama ao topo de um monte "alto e divino" e mostra-lhe, de acordo com a cosmografia geocêntrica dePtolomeu, a "máquina do mundo", uma fábrica de cristal e ouro puro, à qual apenas os deuses tinham acesso, e que setornou também num privilégio para os Portugueses. Tétis faz a descrição da máquina do mundo e prediz feitosvalorosos, prémios e fama ao povo português. Depois do descanso merecido, os Portugueses partem da ilha eregressam a Lisboa.
O mito da Ilha dos Amores, narrado por Camões, é fruto da sua imaginação, quer povoada dos lugares maravilhososonde as suas viagens o levaram, quer influenciada pelas míticas ilhas da literatura grega ou de outras lendas árabes eindianas. A moral pagã opõe-se aqui à moral cristã, da mesma forma que os novos ventos da mudança do renascimentode inspiração grega se opõem às limitações e ao pensamento medíocre da Inquisição.
Neste episódio simbólico da Ilha do Amores, Camões tenta imortalizar os heróis lusitanos que tão grandes façanhasfizeram em nome de Portugal.

A Ilha dos Amores


O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatada a vontade da deusa Vénus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido descanso e com prazeres divinos, numa ilha paradisíaca, no meio do oceano, a Ilha dos Amores. Nessa ilha maravilhosa, os marinheiros portugueses podiam encontrar todas as delícias da Natureza e as sedutoras Nereidas, divindades das águas, irmãs de Tétis, com quem se podiam alegrar em jogos amorosos. Durante um banquete oferecido aos Portugueses, a ninfa Sirena canta as profecias sobre a gente lusa que incluem as suas glórias futuras no Oriente. Em seguida, Tétis, a principal das ninfas, conduz Vasco da Gama ao topo de um monte "alto e divino" e mostra-lhe, de acordo com a cosmografia geocêntrica de Ptolomeu, a "máquina do mundo", uma fábrica de cristal e ouro puro, à qual apenas os deuses tinham acesso, e que se tornou também num privilégio para os Portugueses. Tétis faz a descrição da máquina do mundo e prediz feitos valorosos, prémios e fama ao povo português. Depois do descanso merecido, os Portugueses partem da ilha e regressam a Lisboa.
O mito da Ilha dos Amores, narrado por Camões, é fruto da sua imaginação, quer povoada dos lugares maravilhosos onde as suas viagens o levaram, quer influenciada pelas míticas ilhas da literatura grega ou de outras lendas árabes e indianas. A moral pagã opõe-se aqui à moral cristã, da mesma forma que os novos ventos da mudança do renascimento de inspiração grega se opõem às limitações e ao pensamento medíocre da Inquisição.
Neste episódio simbólico da Ilha do Amores, Camões tenta imortalizar os heróis lusitanos que tão grandes façanhas fizeram em nome de Portugal.

Ilha Dos Amores - Análise dos Cantos IX e X

 Vénus, amiga dos Portugueses ,  nunca deixa de vigiar os seus movimentos e de providenciar para que nada lhes falte. Observa-os com atenção e ternura e conclui que estão cansados após tanto terem resistido às ciladas e traições congeminadas por Baco. Também se dá conta de que envelheceram m muitos anos. Alguns ficaram com cabelos brancos e com rugas cavadas nas faces escurecidas pelo sol intenso daquelas paragens. Agora, que empreendem a viagem de regresso a Portugal, bem merecem o descanso que há tanto tempo lhes é negado. A própria Vénus providencia que esse  merecido repouso seja retemperador e inesquecível. Vénus cria, assim, com os seus imensos poderes,  uma ilha flutuante que em nenhum mapa vem assinalada. A ilha flutuante, dita dos Amores, é colocada de tal modo na rota das naus, que elas não conseguem passar-lhe ao largo. Nesse pedaço de terra frondosa e perfumada tudo parece ter sido disposto e a contento dessas dezenas de homens exaustos e ansiosos por terem a costa portuguesa finalmente à vista. Nada ali faltava, nem frutos perfumados, nem plantas, nem flores frescas e viçosas, nem tão pouco lindas mulheres que mais não eram do que as ninfas convocadas por Cúpido para darem aos portugueses o afecto que há tanto tempo lhes faltava, vindo de doces mãos femininas. As ninfas, também chamadas nereidas, obedeciam às ordens da mais bela e experiente de todas elas, de nome Tétis, que cumprindo as ordens de Cupido, tomou medidas para que os portugueses de longas barbas e corpos emagrecidos por longos meses de privação encontrassem tudo o que desejavam, incluindo aquilo em que nunca antes haviam pensado e, que ao desembarcarem em Lisboa, nunca mais iriam esquecer. Foi a própria Tétis que agarrou na mão de Vasco da Gama e o conduziu ao cimo de um monte onde se avistava um assombroso palácio de ouro e cristal, ofuscante pelo seu brilho e grandeza. Nunca antes os portugueses tinham visto algo semelhante e estavam boquiabertos e deliciados com a hospitalidade inesperada. Se pudessem e se a ilha não fosse flutuante e inventada por Vénus, muitos nunca mais teriam querido sair daquele mágico pedaço de terra.Foi no Palácio de Tétis que um grande banquete homenageou os portugueses e a sua glória seguindo-se-lhe vistosas danças e jogos que levaram os marinheiros a perseguir as nereidas para com elas poderem namorar. Mas elas, fazendo o seu jogo de sedução e fuga, quando estavam prestes a deixar-se apanhar, rapidamente se afastavam, aumentando o desejo de quem lhes seguia no enlaço para as afagar e as beijar, para delas se enamorar. Foi inesquecível o banquete, servido em pratos de ouro, com Tétis e Vasco da Gama no topo da mesa. Foi um banquete à altura de verdadeiros heróis, já tornados lendas. Chegou então o momento de Tétis conduzir Vasco da Gama ao cimo de um monte de onde se avistava uma miniatura do globo terrestre, estando nele assinalados os lugares onde, depois de descoberto o caminho marítimo para a Índia, os portugueses iriam fazer história.

Tétis começou a antecipar os feitos heróicos que os portugueses daí em diante iriam realizar. E não escapou a essa deusa bela e inspirada, um nome sequer de homem ou de terra descoberta ou conquistada. Era Vénus quem, comunicando com ela à distância, lhe dizia o que sobre os portugueses devia ser contado e cantado naquela hora. “Chegaram como heróis e partem como heróis. E eu sei que os feitos que vos esperam hão-de engrandecer ainda mais o vosso nome, a vossa glória  e o respeito que por vós sentem todos aqueles que conhecem a vossa história.” - Discurso de Tétis na despedida dos portugueses.
“Os Lusíadas”, embora já tivessem surgido quando o império português vivia metido  "no gosto da cobiça e na rudeza / ... de uma apagada e vil tristeza” (X; 145), cantam a glória deste povo que, destemidamente, foi capaz de superar a sua fraqueza de “bicho da terra tão pequeno” e igualar-se aos deuses.
Se, ao longo dos primeiros cantos que formam Os Lusíadas, Camões enalteceu toda a História de Portugal e seus protagonistas, é no canto IX, mais propriamente no episódio da Ilha dos Amores, que o seu entusiasmo é mais vibrante, maior a sua capacidade  de nos fazer participantes das recompensas que os nossos navegantes tão justamente mereceram.
Mas recordemos um pouco a saga dos descobrimentos: a dor da despedida na praia das lágrimas, tão difícil de suportar para os que ficam como para os que partem (c. IV, est. 89 e ss.); os vários perigos que espreitam os portugueses, quando se aventuram num elemento que não é o seu (água): ciladas (canto II, est. 28 e 29) doenças - escorbuto - (canto V, est. 81 e ss.) e  tempestades (canto VI, est. 70 e ss.)
Como homem do Renascimento, Camões relata-nos, minuciosamente, novos fenómenos naturais, até então desconhecidos dos Europeus: o fogo-de-Santelmo  (c. V, est. 18) e a  tromba marítima ( c. V, est. 19 e ss.). A descrição destes fenómenos, o visualismo com que nos são apresentados, vai servir ao nosso épico para sobrevalorizar “o saber de experiências feito“, numa atitude de desafio ao saber puramente teórico que antecede o Renascimento.
E as naus vão avançando, o sonho vai ganhando contornos cada vez mais definidos ...
Contra tudo e contra todos, porque “navegar é preciso, viver não é preciso”, eis que os Portugueses têm Calecut à vista... (canto, VI, est. 92 e 93).
Atingido o objectivo proposto, Camões apresenta-nos, no canto IX, o momento em que a história surge mesclada de ficção, em que navegadores e deuses se encontram, se unem, se igualam, como forma de encarecimento e exaltação da valentia lusíada.
Preparada por Vénus, com a ajuda do seu filho Cupido, a Ilha dos Amores ,”semeada” de apetitosas, sensuais e belas ninfas, é um prémio à tenacidade dos homens que, “por mares nunca dantes navegados”, “mais do que prometia a força humana”, tinham sabido seguir “o caminho da virtude, alto e fragoso, / mas, no fim, doce, alegre e deleitoso”.
Vamos, então, ver o que há de “doce, alegre e deleitoso” na Ilha dos Amores. Entremos numa das naus, tentemos descrever a Ilha, à medida que dela nos vamos aproximando.
Tudo na paisagem está cheio de sensualidade, favorece o apetite, é um apelo a todos os sentidos: vista, gosto, paladar, tacto. (c. IX, est. 54, 55, 56, 58, 59.
Três fermosos outeiros se mostravam,
     Erguidos com soberba graciosa,
     Que de gramíneo esmalte se adornavam,
     Na fermosa Ilha, alegre e deleitosa.
     Claras fontes e límpidas manavam
     Do cume, que a verdura tem viçosa;
Por entre pedras alvas se diriva
     A sonorosa linfa fugitiva

Num vale ameno, que os outeiros fende,
     Vinham as claras águas ajuntar-se,
     Onde hua mesa fazem, que se estende
     Tão bela quanto pode imaginar-se.
     Arvoredo gentil sobre ela pende,
     Como que pronto está pera afeitar-se,
     Vendo-se no cristal resplandecente,
     Que em si o está pintando propriamente

Mil árvores estão ao céu subindo,
     Com pomos odoríferos e belos;
     A laranjeira tem no fruito lindo
     A cor que tinha Dafne nos cabelos.
     Encosta-se no chão, está caindo,
     A cidreira cos pesos amarelos;
     Os fermosos limões ali, cheirando,
     Estão virgíneas tetas imitando.

Os dões que dá Pomona ali Natura
     Produze, diferentes nos sabores,
     Sem ter necessidade de cultura,
(...)
As cereijas, purpúreas na pintura,
     As amoras, que o nome tem de amores,
     O pomo que da pátria Pérsia veio,
(...)
Abre a romã, mostrando a rubicunda
     Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes;
     Entre os braços do ulmeiro está a jocunda
     Vide, cos cachos roxos e outros verdes;
     E vós, se na vossa árvore fecunda,
     Peras piramidais, viver quiserdes,
     Entregai-vos ao dano que cos bicos
     Em vós fazem os pássaros inicos.

Desembarcados os navegadores, a atmosfera de sensualidade adensa-se, o erotismo é despertado: belas deusas, seminuas e astutas, aguardam os navegadores, umas tocando “doces cítaras”, “algumas harpas e sonoras flautas” (c. IX, est. 64), num jogo de sedução a que os navegadores não conseguem ficar indiferentes (c. IX, est. 71 e 72
A est. 83 é um hino à sensualidade: “famintos beijos”, “mimoso choro”, “afagos tão suaves”, “ ira honesta“, “risinhos alegres” “acompanham” as relações amorosas entre os navegadores e as ninfas. O Amor é, por conseguinte, o maior prémio a que o homem pode aspirar.
Qual a mensagem que Camões pretende transmitir?  Através da união entre navegadores e ninfas, o humano e o divino equivalem-se: os deuses não existem, o que existe são homens que, pelo seu valor, se tornam superiores
A Ilha dos Amores está ao alcance de cada um de nós.
Luís de Camões # A Ilha dos Amores (excerto Canto IX)
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Oh, não me fujas! Assi nunca o breve
Tempo fuja de tua fermosura!
Que, só com refrear o passo leve,
Vencerás da Fortuna a força dura.
Que imperador, que exército se atreve
A quebrantar a fúria da ventura
Que, em quanto desejei, me vai seguindo?
O que tu só farás, não me fugindo.

«Pões-te da parte da desdita minha?
Fraqueza é dar ajuda ao mais potente.
Levas-me um coração que livre tinha?
Solta-mo, e correrás mais levemente.
Não te carrega essa alma tão mesquinha
Que, nesses fios de ouro reluzente,
Atada levas? Ou, despois de presa,
Lhe mudaste a ventura, e menos pesa?

«Nesta esperança te vou seguindo:
Que ou tu não sofrerás o peso dela,
Ou na virtude de teu gesto lindo
Lhe mudarás a triste e dura estrela!
E se lhe mudar, não vás fugindo,
Que Amor te ferirá, gentil donzela,
E tu me esperarás, se Amor te fere;
E se me esperas, não há mais que espere!»

Já não fugia a bela Ninfa tanto,
Por se dar cara ao triste que a seguia,
Como por ir ouvindo o doce canto,
As namoradas mágoas lhe dizia.
Volvendo o rosto, já sereno e santo,
Toda banhada em riso de alegria,
Cair se deixa aos pés do vencedor,
Que todo se desfaz em puro amor.

Oh, que famintos beijos na floresta!
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo
de Luís de Camões
in “Os Lusíadas” Canto IX, 79-83
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Fixação do texto, e nota, de Hernâni Cidade:
 
Nota: O verso  “E se me esperas, não há mais que espere”  deve entender-se  “Se me esperas, nada mais eu tenho a esperar, porque tenho a ventura que desejava”
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Disse  Luís de Camões:  Que nunca tirará alheia inveja o bem que outrem merece e o Céu deseja !
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 De Carla Romão a 27 de Outubro de 2008 às 12:30
Porquê julgá-lo, porquê só não experimentá-lo?
Porque julgar isso sempre nós o fizemos.
Não importa os tempos, o Sino é sempre o mesmo.
Trocarias o teu destino, pelo meu?
Não importa a rima só mesmo o desígnio que Deus nos deu.
Fica a meu lado, sente o que eu sinto, encarna em mim!
Diz-me depois se o que sentes foram dois ou mais de mim?
Se fui só eu, sabes a quem doeu e que o Amor é assim.

Por isso não me julgues, porque sempre o fizeste…
Amor de mim.

Como nos diz Augusto Maurício em "O Solar D"El Rei" (1), "Num dia que não foi fixado, mas que há certeza de ter sido em fins do ano de 1808, partiu D. João da Ilha do Governador, onde estivera em rápida palestra com os padres beneditinos, com destino à Santa Ana de Macacú, na Província do Rio de Janeiro. Pretendia entregar-se no convento franciscano da localidade a mais um retiro espiritual, tão do seu agrado.
Ainda na Ilha do Governador, o príncipe fora advertido da temeridade da viagem naquele dia, pois o tempo apresentava-se ameaçador e não tardaria a desabar tremenda tempestade. D. João, porém , não se intimidou, pois confiava nos braços hercúleos dos seus 23 remadores algarvios que trouxera de Portugal e na capacidade de resistência do galeão real, para enfrentar a bravura do mar.
Porém, pouco depois de haver zarpado da Ilha do Governador, começou a chover copiosamente, a soprar um forte vento de sudoeste e a encapelar-se o mar, fazendo com que o leme manobrado por Francisco Laranja, não mais obedecesse com a docilidade costumeira aos esforços do profissional.
Enormes vagalhões iam e voltavam, batendo impetuosamente no casco do galeão real mas, pouco a pouco, a tempestade foi se amainando e o barco, no vai e vem do mar,  foi sendo arrastando, desgovernado, para uma praia próxima.
Estava D. João em Paquetá...
E quando o povo viu dar à praia a embarcação do Príncipe Regente, correu pressuroso a recebê-lo e uma das figuras mais destacadas do lugar, o negociante português Francisco Gonçalves da Fonseca, pôs logo à disposição do príncipe a sua casa, na Rua dos Muros, atual R. Príncipe Regente, aonde hoje se encontra a Biblioteca Regional de Paquetá.
Assim nasceu o amor de D. João por nossa Ilha e foi graças a esse episódio que durante muitos anos êle visitou Paquetá, hospedando-se sempre na casa do seu novo amigo Francisco Gonçalves da Fonseca".
Mas por que razão D. João VI chamava Paquetá de "A Ilha dos Amores" ? ...
A resposta talvez possa ser encontrada nas estrofes 68 a 95 de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, no seu canto IX  ( 4.9.1 A Ilha dos Amores ).
Nele o autor exalta as realizações dos navegadores portugueses que, depois de muitas peripécias, seguem para o Sul , na direção do Cabo da Boa Esperança, desejosos de voltar à pátria para relatar as ocorrências da viagem e é então que Vênus, a deusa da criatividade, imagina um meio de recompensá-los com um prêmio, por todas as dificuldades enfrentadas e, então, auxiliada por Cupido, seu filho, prepara-lhes uma ilha maravilhosa onde as ninfas esperam por eles, para amá-los...
É  "A Ilha dos Amores", nessa estória de Camões, que certamente era bem conhecida por D. João VI que, então , a compara com Paquetá, a que chama também de "A Ilha dos Amores", na provável esperança de que Vênus e Cupido também houvessem colocado aqui , à sua espera , algumas ninfas para amá-lo ..
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"O Solar D"El Rei", de Augusto Maurício , Departamento de Imprensa Nacional , 1949 ,  RJ , pgs.34 e seguintes.

O significado da Ilha dos Amores n’ Os Lusíadas

Trabalho realizado por Joana Nunes, nº 11, 12º B, 2010/11 Prof. João Morais

O episódio da Ilha dos Amores, dividido pelos Cantos IX e X d’Os Lusíadas, surge como conclusão da epopeia de Luís de Camões. Vénus, deusa do Amor e da Beleza, auxiliada por Cupido, seu filho, decide recompensar os portugueses pelo seu esforço, bravura, persistência e dedicação na tarefa da superação da humanidade. Assim, prepara-lhes uma ilha onde se encontram ninfas à sua espera. Este merecido prémio representa a glorificação do herói português, a realização de um novo estatuto: a imortalidade enquanto aspiração máxima do ser humano. Pode dizer-se que este é o episódio que desvela todo o significado da epopeia.            Na Ilha dos Amores os prazeres concedidos aos portugueses inscrevem-se tanto no nível material como no espiritual do Herói. Por um lado, ao nível material temos as recompensas do amor físico e o banquete oferecidos por Tétis e pelas restantes ninfas. Por outro lado, o nível espiritual reporta-se à apresentação que Tétis faz da Máquina do Mundo a Vasco da Gama. Este último momento é de grande importância já que apenas aos deuses era possível a visualização do Universo. A ambição da descoberta de novas terras proporciona aos nautas esta honra, um símbolo de todas as compensações que os Descobrimentos trazem ao Homem.            Ao contrário dos episódios da Inês de Castro e do Adamastor, este é o episódio da Epopeia e um exemplo raro da obra camoniana em geral em que existe a plenitude amorosa, onde existe o prémio e não o castigo por amor. É através do amor físico que os navegadores interagem com as ninfas imortais, depois das provas que representam o amor pela pátria, a devoção e a superação das dificuldades que os tornam também divinos, provando assim que nada resiste à força do amor.            Este locus amoenus, paisagem ideal e ambiente de tranquilidade, é o Ideal, não compreendido nas coordenadas do tempo e do espaço, e, portanto, a realização da utopia. É um local de harmonia, com o murmúrio das águas, o cantar dos pássaros, os variados sabores de frutos, o perfume das flores, a suavidade, a frescura, a verdura e a segurança; a Natureza na sua plenitude de singeleza e despojamento. Apenas nesta Ilha se podem esquecer as decepções, o pecado e a insatisfação, sendo assim, um espaço onde a concretização total do amor é possível; onde, após os tormentos, os sacrifícios e o sofrimento, os portugueses podem alcançar um estatuto grandioso.            Camões coloca neste episódio toda a sua imaginação e, utilizando elementos do Renascentismo e do Humanismo, confere aos portugueses a possibilidade de realização completa, sem as limitações e as contradições impostas pela Natureza. E assim os navegadores conseguem alcançar a imortalidade. Mas isso também se aplica ao poeta que, ao compor esta epopeia e ao dedicá-la ao herói português, dignifica os seus feitos, permanecendo vivo não fisicamente, mas espiritualmente, através desta e de muitas outras obras.

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