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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

GARRETT


                        José Batista da Silva Leitão de Almeida
                                            Garrett

   Abrindo-se uma exceção para o século XIX, pode-se dizer que é considerado o maior escritor dessa época  (romantismo século XIX), nascido na cidade do porto em Lisboa, 1799, além de romancista, foi político, dramaturgo e poeta, tendo escrito texto de cunho diplomático e histórico, imprimia um cunho pessoal de originalidade e elegancia em seus textos.




Principais obras de Almeida Garrett:
- Camões (1825)
- Dona Branca (1826)
- Adozinda (1828)
- Catão (1828)
- Romanceiro (1843)
- Cancioneiro Geral (1843)
- Frei Luis de Sousa (1844)
- Flores sem Fruto (1844)
- D’o Arco de Santana (1845)
- Folhas Caídas (1853)
    Pessoalmente sugiro que inicie por essas em negrito, caro leitor, caso seja amante da doce e avaçaladora poesia do século XIX. E o faço porque até mesmo sua introdução se faz poética, se faz estrategicamente desinteressada, num charme para atrair o leitor, num espírito de inalguração e de literatura que repensa a própria literatura.
 "Antes que venha o inverno e disperse ao vento essas folhas de poesia que por aí caíram, vamos escolher uma ou outra que valha a pena conservar...Nao sei se são bons ou maus estes versos; sei que gosto mais deles do que nenhum outro que fizesse...é provavel que o público sinta bem diversamente do autor... Custa-lhe a uma pessoa, como custava ao Tasso, e ainda sem ser Tasso, a queimar os seus versos...consagrei-os ignoto deo. E o deus que os inspirou que os aniquile, se quiser: nao me julgo com direito de o fazer eu... O meu deus desconhecido é realmente aquele misterioso, oculto e nao definido sentimento da alma que a leva às aspirações de uma felicidade ideal...Logo o poeta é louco porque sempre aspira ao impossível...As presentes folhas caídas representam...a posse do Ideal, ...Deixai-o passar, gente do mundo... porque ele vai onde vós nao ides...porque é espírito e vós sois matéria. E vós morrereis, ele não. Ou só morrerá dele aquilo em que se pareceu e se uniu convosco... Mas não triunfeis, porque a morte nao passa do corpo, que é tudo em vós, e nada ou quase nada no poeta."
   Ou como continua a dizer em 'Camões' na primeira edição: "Não sou clássico nem romântico; de mim digo que não tenho seita nem partido em poesia (assim como em coisa nenhuma); e por isso me deixo ir por onde me levam minhas ideias boas ou más, e nem procuro converter as dos outros nem inverter as minhas nas deles: isso é para literatos de outra polpa, amigos de disputa e questões que eu aborreço”
Essa sua obra, Camões, encerra a poesia neoclássica, pretensa a romantismo, abrindo uma nova perspectiva para o romantismo. As obras Flores sem frutos e Folhas Caídas sao obras de poemas confessionais e do ponto de vista temático, podemos perceber a presença muito forte do "amor" da "paixão". O mesmo amor que Camões tenta teorizar em "o amor é fogo que arde sem se ver..."Em Garret já aparece esse sentimento inexplicável no neoclassicismo. Camões, por tudo que significa é a figura maior do nosso classicismo. No romantismo, buscar o classicismo parece sempre um grande jogo de afirmar e negar. Podemos dizer que a figura de Camões foi romantizada antes mesmo de haver entendimento genérico de romantismo. A forma como enfrentava perigos para servir ao rei, o soldado escritor de poemas, entre outros fatores, para os romanticos "liberais", Camões era uma vitrine do Estado, do absolutismo, valores que a pátria política pouco viu. Engraçado perceber que Camões nem sempre era usado para fins literários, como se simbolizasse uma "bandeira da raça", sua figura representava de alguma forma esse espelho, não era visto apenas pela importância de sua obra, mas pelo que ele poderia render como figura representativa do país. Logo, a figura de Camões era mais que humana, era um herói, soldado, uma bandeira hasteada para representar a raça lusitana. Como artista, Camões foi escritor de sua própria epopéia.
A morte de Camões marca o fim da soberania política do país e de alguma maneira, ele tinha desejado isso e assim, morre o patriota com sua pátria.
Mas, estamos falando de Garrett, não vamos nos dispersar; Garrett invoca a saudade, (característica latente lusitana) :
"Esta é a ditosa pátria minha amada,
A qual se o Céu me dá que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo" - LUSIADAS, Canto III, 21. 
E em Garrett temos:
"Saudade! gosto amargo de infelizes,
Delicioso pungir de acerbo espinho,
Que me estás repassando o íntimo peito
Com dor que os seios d’alma dilacera,
— Mas dor que tem prazeres — Saudade!
Misterioso númen, que aviventas
Corações que estalaram, e gotejam
Não já sangue de vida, mas delgado
Soro de estanques lágrimas — Saudade!
Mavioso nome que tão meigo soas
Nos lusitanos lábios, não sabido
Das orgulhosas bocas dos Sicambros
Destas alheias terras — Oh Saudade!"
   Garrett aborda a temática da saudade, provavelmente porque estava exilado temporariamente na França, e este poema foi escrito na França, no porto de Havre.
"Não sou clássico nem romântico", o que não passava de charme para atrair o público leitor, querendo dar a entender que o poeta era entregue à própria sorte, pois, na verdade, Garrett era muito ideologizado, então diz "de mim digo que não tenho seita nem partido em poesia ". O ato de escrever e questionar o ato de escrever e produzir, ainda é muito atual, mas, para época, Garrett estava sendo muito inovador.
"...e por isso me deixo ir por onde me levam minhas ideias boas ou más..." dando o entendimento de se deixar levar pelas ideias e coração. "...nem procuro converter as dos outros nem inverter as minhas nas deles", aponta para a ideia de ser livre, seguir o próprio rumo sem seguir modelos e normatização dos clássicos. 
Era o novo em relação à época.
 Mais sobre em:
http://pt.scribd.com/doc/136747857/Ex-Certo-Spre-Facio-s-Garrett

http://faroldasletras.no.sapo.pt/folhascaidas.htm

http://docente.ifrn.edu.br/paulomartins/livros-classicos-de-literatura/folhas-caidas-de-almeida-garrett.-pdf/view

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=10&cad=rja&uact=8&ved=0CD0QFjAJ&url=http%3A%2F%2Fcvc.instituto-camoes.pt%2Fconhecer%2Fbiblioteca-digital-camoes%2Fliteratura-1%2F1049-1049%2Ffile.html&ei=ufDAVPKBMoayggS-k4S4BQ&usg=AFQjCNGIBBgvc62fThtgUSGDnVj9WgkUFg&sig2=ZwC2BLqhr55LJV8LvSD7xg

https://archive.org/details/camespoema00alme



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