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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

POESIA PEREGRINA - Livro de Domingo González Cruz

Comentário do livro Poesia Peregrina
Poesia Peregrina, coletânea de poemas de Domingo González Cruz, é a materialização do sentimento galego que sobrevive em terras tropicais. Escritos por um poeta galego-brasileiro, os poemas reunidos nessa coletânea constroem um inventário poético da distante e antiga Galiza, seja para lembrar a “mãe geográfica”, seja para denunciar a violência com que essa mãe veio sendo tratada, ou ainda para mostrar as chagas seculares que marcaram e marcam uma nação praticamente desconhecida por muitos.
O livro está dividido em quatro partes (Papel de Pouso, Vida Silenciosa, Passeios Noturnos e Andanças do Amanhecer) que agrupam poemas escritos entre 1976 a 2004. Cada uma dessas partes sugere o caminhar de um poeta que primeiramente deita o papel sobre a mesa (papel de pouso), em seguida se cala para que as palavras não se assustem (vida silenciosa), passeia à noite (passeios noturnos) onde a “a janela no espelho da madrugada” é aberta, para então acordar (andanças do amanhecer) e reinventar o mar: “Se revejo o mar nos penhascos da memória/ sinto maresias inundando os sentidos (Emigrante). Esse caminhar é feito como no poema “Alpercatas”, no qual esses passeios “Inspiram passos desconhecidos”, tipicamente peregrino.
Definitivamente, o cenário que habita Poesia Peregrina é a Galiza, o próprio eu-lírico nos conta: “Galiza/ que não canso de evocar/... Galiza/ que repetirei em horizontes (Poema Andarilho). Não obstante, vê-se a imagem das ruas de Vigo ou de Santiago da Compostela se desenharem entre os versos.
O que nos fica da leitura de Poesia Peregrina é o que o próprio título sugere, são poemas andantes, geograficamente separados, mas poeticamente unidos: Tenho Espanha no sangue/ Brasil no coração” (Herança), nos quais a linguagem bem trabalhada de Domingo González Cruz nos deixa saber de uma Galiza bastante viva no mapa cartográfico e na cartografia sentimental dos galegos espalhados pelo mundo.                                                                                                                                                                                                                                                                                      Por
Emerson Silvestre                                                                                                                                                             

Eu velida non durmia. Eanes Solaz. Amancio Prada